Há diversos tipos de disfunções capilares que ocasionam queda de cabelo. As alopecias, em especial a androgenética, são uma das causas mais conhecidas. Porém, existem outros fatores que desencadeiam a perda capilar. Uma delas é o chamado eflúvio telógeno.
O eflúvio é uma condição reversível de queda capilar baseada na desregulação das fases de crescimento do cabelo, notadamente pelo rompimento da fase anágena – fase de crescimento.
Há um desiquilíbrio entre a fase anágena e a telógena, ficando esta, via de regra, em um estado maior que o natural – chegando a ficar de 30% a 80% dos fios na fase telógena.
É um distúrbio capilar subclínico, ou seja, via de regra não é diagnosticado por meio de exames laboratoriais – assim, é normal que pacientes relatem que estão com as taxas sanguíneas dentro do normal, porém a queda de cabelo está presente mesmo assim.
Tem como características a intensidade e o modo abrupto na queda, chegando ao caimento de um número consideráveis de fios – de 200 a 300 fios diários. Outra característica é a presença da tricodínia, ou seja, o paciente pode vir a sofrer com dores no couro, ardência, coceira, desconforto.
O aumento da caspa, ou até mesmo o surgimento de dermatite seborreica, pode vir acompanhada de uma queda de cabelo difusa e crônica. Esta perda de cabelo também pode se classificar como eflúvio telógeno.
Via de regra, esta disfunção ocorre por questões emocionais, como estresse e ansiedade em graus elevados. Porém, outros fatores podem ocasionar este quadro, como questões nutricionais, hormonais e infecciosas, por exemplo.
Outras características do eflúvio telógeno:
- a queda é difusa, ou seja, ocorre por diversos pontos do couro cabeludo. Porém, percebe-se que a retratação ocorre comumente na região frontoparietal;
- não há diminuição na densidade da haste capilar (ela não ficará menos grossa), diferentemente do que ocorre na alopecia androgenética;
- geralmente atingem mulheres que estão no climatério – período de transição em que a mulher passa da fase reprodutiva para a pós-menopausa (a menopausa é a última menstruação).
- Por meio do teste de tração suave, podemos perceber a saída fácil de muitos fios, inclusive com as raízes e bulbo visível a olho nu. Os folículos não apresentam inflamação nem miniaturização.
Considerando que esta disfunção tem a ver com o mau funcionamento das fases de crecimento capilar, vamos revisar quais são as principais e as suas relações com o eflúvio telógeno.
Ciclos de crescimento do cabelo:
→ Fase anágena – é a fase de crescimento do cabelo, correspondente a 90% dos fios. Aqui há a proliferação intensa das células matriciais do folículo. Esta fase dura entre 2 a 8 anos, variando de acordo com cada pessoa. O cabelo cresce de 1 a 2 centímetros por mês. O quanto que o cabelo crescerá já está determinado em nossa genética.
→ Fase catágena – aqui há a transição da fase de crescimento para a preparação à queda, havendo a desconexão do fio com o bulbo. Menos de 1% dos fios está nesta fase. O cabelo ainda é mantido no folículo piloso, porém ele para de crescer. Dura apenas de 2 a 3 semanas.
→ Fase telógena – desconexão da haste com o tecido epitelial. Cerca de 10% dos fios estão nessa fase. Sua duração é de cerca de 4 meses.
Classificação do eflúvio telógeno:
→ Eflúvio Telógeno Agudo: após o período de dois a quatro meses do gatilho desencadeante, tem-se o início da queda. Esta perda capilar durará até seis meses.
Este período de 2 a 4 meses se justifica pois o cabelo passará pelas fases catágena e telógena até cair, ocorrendo um aceleramento do cabelo na fase anágena.
Haverá um aceleramento considerável dos fios para a fase telógena, passando dos 10% para entre 20% a 50%. Em alguns casos mais severos, os cabelos poderão estar em até 80% nesta fase.
→ Eflúvio Telógeno Crônico: disfunção com duração acima dos 6 meses. Passando o período do eflúvio telógeno agudo, há caracterização do tipo crônico, com duração inderterminada. Há estudos e discussões literárias sobre a natureza desta queda mais demorada, porém, majoritariamente, entende-se ainda se tratar de eflúvio telógeno.
Cinco modos de ocorrer eflúvio telógeno:
→ Liberação imediata do anágeno. é o interrompimento precoce da anágena. Aqui, os cabelos vão de modo imediato para as outras fases, acelerando a queda capilar.
→ Liberação anágena retardada: ocorre quando há um intervalo muito grande sem cair o cabelo. Porém, depois de certo tempo, cai muitos fios em pouco tempo – uma avalanche de queda! Nisso haverá um eflúvio, pelo retardo na liberação do anágeno. Não pode haver nem liberação, nem retardo, tem que ser no tempo certo.
→ Síndrome do anágeno curto: aqui, os fios não conseguem crescer. Quando o cabelo cai muito curto, parece que está quebrando.
→ Liberação imediata da fase telógena: na fase telógena, os fios vão se soltando aos poucos da raiz. Mas pode ocorrer a liberação imediata, caindo muito cabelo em pouco tempo, ocorrendo queda intensa.
→ Liberação telógena retardada: ocorre quando o tempo do cabelo nesta fase é precoce, ocasionando muita queda em pouco tempo.
Sugestões de tratamento:
→ Estimuladores anágenos: substâncias e hábitos que aumentem a fase anágena do cabelo. Nutrição, parte hormonal em dia, procedimentos de terapia capilar tais como alta frequência e fotobiomodulação estão entre as sugestões de utilização de estimulação da fase anágena.
→ Inibidores catagênicos: também pode ser válido o seu uso. Lembrando que o eflúvio é a entrada precoce na fase catágena. Uma boa atitude é inibir a prostaglandina D2 (ou da enzima prostaglandina D2 sintase, que acaba inibindo o alongamento dos cabelos) que é uma molécula que age na fase catágena. Assim haverá uma inibição da fase catágena. Exemplo de inibidores medicamentosos: bimatoprosta e prostaglandina f2-alfa (para cílios). Em relação a esses medicamentos, sempre consultar um profissional competente para indicar seu uso correto.
→ Outros tratamentos: uso de shampoos e outros componentes de lavatório também podem auxiliar no tratamento do eflúvio telógeno. Todas as substâncias que ajudem na regulação das fases são bem-vindas para o equilíbrio dos ciclos capilares, desde que bem orientados pelo seu profissional de confiança.
🌺 Estes artigos são feitos especialmente para você! Obrigado por nos acompanhar. 🌺