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Posso estar perdendo cabelo por excesso de estresse ou outras questões psicológicas?

Viver no século XXI e ter uma vida estressada apresentam uma ligação praticamente indissociável uma da outra. Desde a infância, muitas pessoas já têm uma rotina cheia de compromissos e responsabilidades – o que tende a aumentar consideravelmente ao longo da vida. Infelizmente esta conta será paga com nossa saúde física e psíquica se não ficarmos alertas para administrar tudo isso com perspicácia.

Uma vida equilibrada tem como base um psicológico bem estruturado. E essa importância serve, por consequência, para a saúde física. Nosso organismo está todo interligado, diversas doenças físicas são despertadas por meio de situações emocionalmente tóxicas para nós.

Nessa relação entre corpo e mente, nossos cabelos possuem uma grande ligação! Além da questão genética, na qual há queda de cabelo hereditária, há outras formas de perda capilar. Uma delas é causada justamente pelas questões emocionais.

Em nosso organismo, especificamente acima dos rins, na região adrenal (suprarrenal), se encontram as glândulas suprarrenais. Elas têm a função de produzir o cortisol – um hormônio que possui diversas ações na resposta a situações estressantes. Em níveis elevados, pode afetar a função e a regulação cíclica do folículo piloso – estrutura onde se localizam o fio de cabelo e outros órgãos importantes na função do crescimento capilar.

  • Queda de cabelo e estresse – classificação didática

De acordo com um importante estudo científico norueguês publicado pelo Journal of Drugs in Dermatology, a ligação psicoemocional pode estar ligada à queda de cabelo em três níveis:

1. Estresse agudo ou crônico como gatilho (indutor primário) de eflúvio telógeno: este distúrbio de queda capilar é um dos mais comuns e está intimamente ligado ao estresse e ao desequilíbrio emocional hormonal externo. Ocorrendo principalmente em mulheres, o eflúvio telógeno cria uma interrupção no ciclo de crescimento do cabelo – em sua fase anágena – entrando prematuramente no ciclo de repouso – fase telógena. Geralmente se manifestam em ataques repentinos e curtos de queda de cabelo.

2. Estresse agudo ou crônico como fator agravante em distúrbios de queda de cabelo cuja patogênese primária é de natureza endócrina, tóxica, metabólica ou imunológica: neste nível, homens e mulheres apresentam o quadro, geralmente caracterizado pelas alopecias androgenética e areata. Há entendimentos que a alopecia areata também é originada a partir de pré-disposições genéticas assim como a androgenética. Vamos conhecer um pouco cada uma delas.

  • Alopecia Androgenética: o distúrbio capilar mais comum tanto em homens como nas mulheres. A grande maioria dos casos ocorre devido a uma alteração no ciclo de crescimento do fio. Em nosso organismo, a testosterona é convertida em diidrotestosterona (DHT) pela enzima chamada 5-alfa-redutasse. O DHT se liga a receptores presentes nos folículos pilosos, de modo a alterar os ciclos de crescimento dos fios nos indivíduos geneticamente predispostos. Há a própria queda capilar, além da diminuição do diâmetro do fio.

  • Alopecia Areata: é uma doença autoimune, ou seja, é um mau funcionamento do sistema imunológico, levando o corpo a atacar seus próprios tecidos. Ela afeta homens e mulheres igualmente. Acredita-se que o desenvolvimento desta alopecia possa ocorrer por fatores genéticos (10% a 42% dos casos) e imunológicos (genes suscetíveis à areata provavelmente interagem com fatores ambientais provocativos, como diabetes, lúpus, vitiligo, rinites e… sim, o estresse e questões emocionais também!). A alopecia areata é caracterizada por manchas que surgem na pele, devido à ausência de pelos naquele local.

3. Estresse como problema secundário em resposta à perda de cabelo anterior: aqui, devido ao próprio estresse, a pessoa pode ter a perpetuação da queda de cabelo, devido a um círculo vicioso de causa e efeito que surge pelo desgaste emocional à perda capilar.

O folículo piloso vai além de ser apenas uma estrutura onde se localiza o fio. Ele apresenta funções sensoriais, sendo um instrumento de comunicação e proteção psicossocial dos seres humanos. Isso explica as alterações capilares que ocorrem a medida que nosso nível de estresse aumenta consideravelmente – físico e emocional caminhando juntos no nosso organismo.

  • Tratamentos

Em primeiro lugar, estresse e outros sinais de carga emocional negativa podem ser devidamente tratados com profissionais da área da psicologia. Já passamos há tempos do tabu de nos preocuparmos sobre tratar de saúde mental, como se fosse um ato de fraqueza ou frescura, como dizem popularmente. Um profissional desta área ajudará e muito as pessoas a equilibrarem seu emocional e sua vida.

Acrescento, também, que há tratamentos nas mais diversas áreas do conhecimento a fim de combater o estresse e ajudar o nosso emocional. Musicoterapia, meditação, yoga, esportes… romper o ciclo da instabilidade emocional e procurar alternativas sadias a melhorarem a saúde psíquica irão favorecer, por tabela, a saúde dos cabelos.

Entrando brevemente na área da farmacologia. Com relação ao cortisol, há diversas substâncias que auxiliam na regulação direta ou indireta dos níveis deste hormônio e, consequentemente, nos ciclos de crescimento do cabelo, contribuindo para a obtenção de efeitos positivos nas alopecias. Cetoconazol, Versican e até mesmo o Minoxidil podem ser utilizados em tratamentos capilares – todos devidamente indicados e/ou aplicados pelo profissional capacitado.

Tratamentos de terapia capilar também ajudam consideravelmente nesse processo. Uso da aromaterapia, a partir de óleos essenciais, em um ambiente relaxante, proporcionam momentos de desestresse importantes para o equilíbrio emocional.

Tecnologias como microagulhamento, LEDs, eletroterapia e vacuoterapia estimulam o couro cabeludo, de forma a auxiliar na regularização da fase do crescimento capilar – fase anágena.

Assim, vimos que o estresse e a parte emocional como um todo contribuem para o desajustamento da saúde capilar. Questões genéticas são consideradas potencialmente nos casos de queda do cabelo, porém, pudemos perceber que se a saúde emocional não estiver a linhada a um bem-estar físico, a queda capilar pode se mostrar presente mesmo sem tais características hereditárias.

Procure ajuda, não deixe a situação de sua saúde mental e capilar se acentuar!

Referências bibliográficas:

  1. Dr. Dráuzio Varella.  ALOPECIA AREATA. Disponível em < https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/alopecia-areata-artigo/> Acesso em 13/09/2022.
  2. Peter J. Delves. PHD. University College London, London, UK. DOENÇAS AUTOIMUNES. Disponível em < https://msdmanuals.com/pt-br/casa/doenças-imunológicas/reações-alergicas-e-outras-doencas-relacionadas-a-hipersensibilidade/doenças-autoimunes > Acesso em 13/09/2022.
  3. Dra. Olívia Faria. Cortisol (hormônio do estresse): o que é e para que serve. Disnponível em < https://www.tuasaude.com/cortisol/ >. Acesso em 13/09/2022.
  4. Erling Thom. Phd. Stress and the Hair Growth Cycle: Cortison-Induced Hair Growth Disruption. Publicado no “Journal Of Drugs In Dermatology” em agosto de 2016. Disponível em < https://jddonline.com/articles/stress-and-the-hair-growth-cycle-cortisol-induced-hair-growth-disruption-S1545961616P1001X/> Acesso em 13/09/2022
  5. Esther J van Zuuren, Zbys Fedorowicz, Jan Schoones. Interventions for female pattern hair loss. Disponível em < https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD007628.pub4/full?highlightAbstract=minoxidil > Acesso em 13/09/2022
  6. Dra. Fabiana Caraciolo. Alopecia Androgenética (calvície masculina e calvície feminina). Disponível em < http://fabianacaraciolo.com.br/queda-de-cabelo/calvicie-alopecia-androgenetica > Acesso em 13/09/2022.

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